quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Relógio de ponto antigo

O relógio conta passagens e os ponteiros carregam lembranças. O tempo não tem fim, mas um tempo conta seu tempo final para iniciar outro tempo. E não há pilha que não faça funcionar os ponteiros do tempo. Às vezes tenho medo do tempo e do tanto de tempo que ele acumula. Retrospectivas não são bem-vindas para uma garota romântica.

sábado, 21 de agosto de 2010

A rua

Em tempos de guerra:

( Ele escreveu um livro de poesias nunca publicado, 23 cartas de amor não enviadas, 4 poemas em jornais nunca divulgados e 10 músicas nunca gravadas. Palavras fugiam do seu coração inspiradas na mulher do outro lado da rua... Que não o conhecia, logo, não o amava. Ele se uniu às ordens de não atravessar a rua, e só isso lhe parecia o mais correto. Pois ele sabia que até no inferno não sofreria como sofre só em olhar para o rosto dela e para seus passos rápidos na calçada, que mais pareciam pisadas lentas e agudas no seu peito. )

fica difícil atravessar a rua.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

1996

O Monza azul na garagem da nossa casa. Não lembro o dia. Não lembro como cheguei perto e me deixei levar pelo carinho que me cercava naquele tempo e naquele lugar. Lembro do portão: grande e verde. Lembro das flores do jardim: macias e perfumadas. Talvez seja fácil lembrar do que você mantém contato com o deslizar dos anos. Mesmo assim, não quero lembrar dessa situação, nem do seu braço ao meu redor. É difícil olhar uma fotografia que traz a saudade de um momento que não consigo mais resgatar - bloqueio. Mas eu sei: era muito bom. Percebo que nessa sacola você leva (ou traz) garrafas de cerveja, para uma possível manhã de domingo regada a sorrisos, desenhos animados, dores na barriga pelas piadas... - bloqueio. Você tinha meu coração quando eu carregava apenas 6 anos de vida. Você tem meu coração. Sei que as formigas do nosso chão não paravam de me morder, mas se você estava ao meu lado só uma coisa eu temia: sua saída. Embalada por nossas manhãs de domingo, seu copinho de cerveja e a certeza da nossa alegria, pois eu sabia que isso acontecia. Mas não me peça para lembrar... Saudade, às vezes, dói.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pedro e uma garota "que tem saudade... sei lá de quê!"

Hoje me peguei pensando em Pedro. Pedro. E isso é tudo que sei sobre Pedro: seu nome. Sei também que ele não mora na mesma cidade que eu. Sei que ele cursa alguma coisa envolvida com números, engenharia talvez. Então seu nome não é a única coisa que sei, ainda bem, sou meio equivocada nas palavras e nos pensamentos. Ele é de carne e osso, pois já nos encontramos uma vez, apenas uma vez e por algumas horas. Pedro... Sempre quis ter um amigo chamado Pedro (Pedro, Pedro, Pedro, Pedro). Não é exatamente o nome Pedro que me faz ter esse querer, mas pelo coração que esse Pedro carrega. Até por que não é qualquer Pedro que tem um coração como o de Pedro. Pedro tem meu telefone, e eu tenho o telefone de Pedro. Mas fui franca com ele sobre o meu medo de falar ao telefone. Bem me conheço, e sei que quando ele me ligar posso até atender, mas o que vou conversar com Pedro? Sobre minhas vontades inusitadas como a de abrir a geladeira, pensar e depois fechar? Ou pedir pra ele me ensinar a fazer um barquinho de papel? Dizer que hoje bateu saudades de tomar sorvete com ele, mesmo sabendo que a gente nunca fez isso? Talvez.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Todos têm direito ao doce

Queria morar em uma casa colorida. Sorrir colorido. Chorar colorido. Pensar colorido. Felicidade e tristeza em cores iguais. Na mesma casa. Da mesma garota. Romântica? Não. Palavras doces não são apenas para jovens românticos. O doce é uma realidade que todos têm direito, mas o azedo na vida se faz mais presente e o doce se passa por ausente: as pessoas e suas casas caídas, as pessoas e seus sorrisos falidos, as pessoas e seus amores perdidos, as pessoas e seus rostos partidos. A sala, o quarto, o banheiro, a casa: todos sem teto,todos sem chão! A dor e as lágrimas ainda estão entre romances, palavras doces e a vida, agora azeda, de uma menina triste pela perda de tantos corações.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Notas das últimas folhas do caderno

1. Nessa solidão às vezes bate uma vontade de ser nula, e às vezes vem o sol que apesar de ser sozinho...
2. A dor no mar
sozinha no barco
gritando sua vontade
de ter alguém ao lado
para também amar
3. O relógio no meu pulso me faz dona das horas... Não faz?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mini-carta piegas

Querido, às vezes é assim: perder-se e continuar sem encontrar-se. Nas ruas, nos jardins, nas cores e nos afins. E a história do meu coração foi assim. Mas o coração que pensava ter já não é meu, sei que ele se perdeu e também fugiu querendo ser teu. Eu te amo e até além o meu amor posso te garantir. Sei que nada queres em forma de garantia, mas se chegar a duvidar tenta lembrar das palavras que te escrevi nesse dia.

...

Mesmo quando minha mente já não quer mais pensar:
a palavra cai... O ritmo cai... O amor vem, mas a dor não vai.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Lados

É engraçado ter lados. Às vezes um lado é maior que o outro. Às vezes o lado direito do seu olho é bem maior que o esquerdo. Seu sorriso corre mais para um lado. Existe lado a favor e existe lado contrário. Existem. Existem lados. O meu lado e o seu lado. E é bom ter o seu ao meu. Lados também se beijam. E lados também podem se cruzar. E lados, mesmo que opostos, também podem se amar.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Problema não se resolve com problema (ou Desejo de mudança com quereres errados)

A nicotina vai nocautear essa dor.
Um, dois, três...
Ela voltou!

O corte vai denunciar as marcas e nada mais vai doer.
Um, dois, três...
A ferida não vai se esconder.

O alarme vai despertar.
Um, dois, três...
O coração não quer acordar.

Retrato não falado

O sujo relato
de um retrato não falado:
o fato, o prato, os ratos.
A vida constante
(falha, pobre, nada)
Inconstante o viver
(onde, como, porque)

sábado, 10 de abril de 2010

Da não vontade de voar

Eu sou aquela que não quer voar,
mas quer sentir a intensidade
e o valor de cada passo que dá.
Sentir a terra e ela me sentir.
E se por um momento eu não conseguir,
que meus pés estejam no chão
e que eu saiba o valor de cair.
Se eu sentir a solidão, então,
que nasçam as asas no meu coração.

terça-feira, 23 de março de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Pensamentos de Carenina

Quando sua vida não vira pesadelo, Carenina aproveita para tirar suas botas sujas, prender seu cabelo e desforrar sua cama. Percebe, ao deitar, que apenas um cômodo da casa lhe permite sonhar: seu quarto. E na sua casa (onde mora com sua mãe e seu padrasto): ela odeia os quadros pendurados na parede, a vitrola que não usam e a sala sem alegria: "Pintaria as paredes com as melhores cores, na vitrola escutaria as melhores músicas e caso a primavera não chegasse plantaria flores na sala de estar" - pensa.
Carenina acha que o ser humano é composto pelos dias que vive, e ela ama seus dias. Não importa as dores que seu calendário carrega, nem a tristeza que provém de seus olhos: ela é feliz. Seus dias: leva seus livros como se andasse de mãos dadas com seu namorado; vive no passado quando fita os retratos; na cama: usa os lençóis como moradia; os passos na rua: o desejo de caminhar e continuar; emoções em forma de temporal: ora são o que são, ora se perdem na multidão; na vida: "amar e mudar".
Carenina é uma menina que não sente vergonha de amar e não consegue guardar seus sentimentos. Em um dado momento todas as palavras desabaram sobre a pessoa amada:
- Amo você! Muito tarde? Muito cedo? Enfim, não importa. A questão não é o tempo que se inicia, mas a intensidade com que esse amor é sentido. Mesmo que isso não faça sentido. É bom ter você comigo. Essas palavras soltas são confissões das borboletas presas - diz.
Ela cai, mas levanta e caminha. E seja lá qual for seu trajeto, até mesmo o que se conquista (de bom ou ruim), sabe que seu destino é virar pó e do fim não se escapa é para todos.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A arma mira. A bala acerta. A notícia erra.

O calendário anuncia os dias,e os ponteiros não param - da mesma forma o tempo - mostra o relógio.

Crianças. Adolescentes. Adultos.
Nascendo na sujeira. Colhendo o incerto. Matando o correto.

Nos documentos declaram com as seguintes palavras: "Não ao desmatamento!"
Nos noticiários declaram a posição: "Presidente sugere o melhor na reunião do Copenhague"
Na realidade: todos os documentos estão desmatados. Palavras que crescem mais,atitudes que crescem menos.
Posição do Lula: nula.
Nada feito.

Os tiros e a mídia errada:
"Jovem morre,na confusão,por praticar vandalismo no Palácio do Planalto"

A arma mira. A bala acerta. A notícia erra. A justiça cega.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

"Palavriar" o sem valor

Cachearolar: Cachos. Cachear. Cachear a mente (pensar).
Seguir cacheando (cachearolando).
Minha mente segue 'cachearolando', e ela não pretende
diminuir o volume dos cachos que a seguem.
E esses cachos teimam em ficar.
Cachearolar é preciso,não duvido disso.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Foto que tirei do meu pai

sorrisos que chegam silenciosos, mas com intensidades gritantes, e que concebem uma vontade de receber (e doar) abraços.








Amanda e eu

(cabelos justificados pelo cloro). Sentimentos, hoje, carregados de um 'quê' que carrego. Não é carta pra descartar, guardo e não há nada pra recortar.







Eu e amigas do colégio (2006)
  
Que o tempo passa é fato, e quem tá dentro dele sente na pele, que além de passar, ele passa correndo. E eu, assim como o tempo, fiz questão de deixar a lembrança e serenidade de uma amizade tão única e nada esquecível





 
Marquinhus e eu
 Palavras são muitas e seus significados bem maiores que até transcendem qualquer papel de qualquer dicionário capa dura. Significados tangíveis e um dicionário de carne e osso.