segunda-feira, 2 de agosto de 2010

1996

O Monza azul na garagem da nossa casa. Não lembro o dia. Não lembro como cheguei perto e me deixei levar pelo carinho que me cercava naquele tempo e naquele lugar. Lembro do portão: grande e verde. Lembro das flores do jardim: macias e perfumadas. Talvez seja fácil lembrar do que você mantém contato com o deslizar dos anos. Mesmo assim, não quero lembrar dessa situação, nem do seu braço ao meu redor. É difícil olhar uma fotografia que traz a saudade de um momento que não consigo mais resgatar - bloqueio. Mas eu sei: era muito bom. Percebo que nessa sacola você leva (ou traz) garrafas de cerveja, para uma possível manhã de domingo regada a sorrisos, desenhos animados, dores na barriga pelas piadas... - bloqueio. Você tinha meu coração quando eu carregava apenas 6 anos de vida. Você tem meu coração. Sei que as formigas do nosso chão não paravam de me morder, mas se você estava ao meu lado só uma coisa eu temia: sua saída. Embalada por nossas manhãs de domingo, seu copinho de cerveja e a certeza da nossa alegria, pois eu sabia que isso acontecia. Mas não me peça para lembrar... Saudade, às vezes, dói.

4 comentários:

  1. Putzzzzz Ficou muito lindo esse texto. Lembrei de uma cena de "Extermínio 2", na qual o menino, que perdeu a mãe, tem um pesadelo com ela e diz pra irmã: "tenho medo de esquecer o rosto dela", algo assim. =|

    Bjo

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  2. Obrigada Truta(ngo)! x)
    e sobre o filme: nunca assisti,mas vou procurar pra baixar. :~

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  3. Seguramente, está entre os textos que mais me comoveram, que cê escreveu, menina linda! E olhe que isso não é pouca coisa (gosto muito de como cê escreve). Muito bem escrito e com fortes sentimentos, chuchu!

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  4. lindo texto Ariane!
    continue escrevendo!

    bjo

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